«Filhos da Chuva», de Álvaro Curia
Um romance em que a culpa e a obsessão andam de mãos dadas com o acaso e a coragem.
Em Domínio, a chuva não tem fim e os relógios pararam nas cinco da tarde. Numa terra sem tempo, as vidas andam todas desencontradas. Conhecedora dos hábitos de cada um, Muda percorre as ruas, carregada de sacos, distribuindo as compras e uma réstia de normalidade. Aguarda o momento em que se cruza com o filho, Amor, um jovem que vive aprisionado numa fábula que o padrasto lhe conta desde pequeno e que mudará a sua vida para sempre. Ao largo de Domínio está a Ilha da Fortaleza, onde encontramos Mãe, mulher possessiva, que nunca deixou Filho conhecer o mundo. Mas algo fará com que ele parta e o seu caminho se cruze com o de Amor. Poderá a decisão de um alterar a vida de todos?
«Em Domínio, já ninguém olha para o céu. Sempre coberto, forma um teto de peso simulado nas cabeças de quem apanha por baixo. Acinza-as. Empalidece-lhes os mais poéticos gestos, cobrindo tudo de um véu sem sombra onde a chuva cai sem misericórdia. Muda ainda se lembra do tempo sem chuva. Ser garota e brincar com sol naqueles mesmos degraus onde hoje ia escorregando, ou, mais tarde, encontrar namoraditos à estrela posta, tanto dela havia de grandes embaraços. Hoje, pernas inchadas de veias de vários tons de violeta, seios que já lhe atrapalham a vista dos passos, não liga ao tempo, suspeitando de que ele próprio desdenha da sua figura.»
«Uma chuva teimosa é premissa para um belíssimo romance, uma narrativa muito bem escrita e construída, em que se faz da chuva não apenas uma presença constante, mas um elemento essencial na dança do destino e do coração.»
Afonso Cruz
«Uma chuva teimosa contém um mundo habitado. Por isso, ao avançarmos pelos seus capítulos, vamos descobrindo lugares e, neles, vamos conhecendo gente. Uns e outros entrelaçam histórias, memórias que lhes dão corpo. Através de um detalhado, trabalho de linguagem, reconhecemos esses lugares, essa gente, envolvemo-nos nas suas histórias, apropriamo-nos das suas memórias. Ao fim de poucas páginas, também nós habitamos este romance. Há vida aqui.»
José Luís Peixoto
«A escrita do Álvaro é capaz de iluminar até um sítio onde faz sempre chuva. Mergulhem em Domínio e nas suas pessoas, que têm tanto de realidade como de conto de fadas».
Rita da Nova
Sobre o autor Filho de mãe brasileira e pai português, diz-se de nacionalidade atlântica com coração portuense. Trabalhou na RTP2, no JN e na Greenpeace, em Amesterdão. Doutorado em História, ensina cultura e língua portuguesas a estrangeiros, na Universidade do Porto e na Universidade Fernando Pessoa. Com Ludgero Cardoso, fundou em 2019 o Literacidades, conta no Instagram dedicada aos livros, com conteúdos sobre promoção de hábitos de leitura e divulgação literária. Gosta de temperaturas acima de 40 graus, de São Paulo, de Sevilha e de Lucca, e dos seus três cães: Oliver, Lídia e Lucas. |