Sinopse

Esta obra proporciona um acesso inteligente e acessível, e a que não é alheio um fascínio que o estilo da autora consegue transmitir, à história dos primeiros tempos dos portugueses na Índia. O interesse histórico e narrativo de Na Rota da Pimenta prende-se em larga medida com o facto de Theresa Schedhel se ter baseado em documentação coeva e nos comentários e descrições dos cronistas da época. A autora faz-nos assim sentir o colorido próprio daqueles tempos, ao retratar com vivacidade e pormenor aspectos concretos do dia-a-dia, hábitos, tradições, costumes, mentalidades e comportamentos. Assistimos aos preparativos das viagens e à gestão dos recursos disponíveis, à instalação das primeiras feitorias e à implantação do poderio militar português, assim como aos aspectos do "trato" das mercadorias e aspectos específicos do relacionamento entre culturas tão diversas. Se esta obra tem como protagonistas de primeiro plano, D. Manuel I, Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral, D. Francisco de Almeida e Afonso de Albuquerque, a autora não esquece também a importância daqueles que a protagonizam anonimamente: os capitães, os mestres e pilotos dos navios, os fidalgos e os seus criados e os mercadores. A perspectiva da autora prima pela forma objectiva e circunstanciada como relata acontecimentos e episódios ocorridos, verdadeiramente moderna e isenta no modo como aborda os sucessos dos portugueses, não escondendo as terríveis violências, ódios e traições que constituem o lado mais sombrio deste empreendimento. Na Rota da Pimenta é, em última instância, uma obra sobre a Índia, que trata com originalidade questões relevantes e factos pouco conhecidos, e será sem dúvida um contributo incontornável para o conhecimento histórico, tanto quanto um livro capaz de agradar um público culto e interessado por temas desta dimensão.